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A maldição do cântico

26 ago

Não que seja supersticiosa, mas um trevo de quatro folhas nunca fez mal a ninguém; também não passo debaixo de escada, já que é perigoso, vai que cai algo em cima da sua cabeça; nada a ver com azar, diga-se de passagem, mas vestir sempre a mesma camisa em dia de jogo faz efeito… não que eu acredite nessas cosias ai.

A mania de superstição, mandinga ou crendice – como preferirem chamar – é igual a gosto: cada um tem a sua em particular. Por mais descrente que as pessoas seja há várias coincidências que é melhor evitar; já outras é melhor estar precavido.

Quando o São Paulo estava sem vencer, no rebaixamento, foram lá e jogaram sal grosso no entorno do estádio e nas escadarias. Coincidência ou não, o time venceu e de desde então se livrou do fantasma do rebaixamento.

Mas nem todo mundo pode ir ao Morumbi e jogar sal grosso, ou dar um pé de coelho aos jogadores, um galho de arruda ou qualquer outra superstição. É complicado, o acesso é restrito e não há nenhuma garantia de que isso vai dar resultado; pelo menos cientificamente falando.

Contudo, tem algo que o torcedor pode fazer. Já foi provado, em muitos jogos, de diferentes times e seleções, que a irritante música “O Campeão Voltou” é amaldiçoada. Não tem vitória que resista a torcida gritar isso nos estádios.

Provavelmente a seleção brasileira teria virado o jogo contra a Alemanha se tivessem cantado, para a Alemanha, naquele fatídico 7×1. Aliás, como ninguém pensou isso na época? Seria a chance de a fraquíssima seleção brasileira ter dado menos vexame.

Toda vez que a torcida começa a gritar o campeão voltou o time tem um apagão e perde; pode ser contra o adversário que for. E não é somente contra o SPFC que a torcida joga contra; Corinthians, Palmeiras, Santos e a própria seleção brasileira já foram vítimas do cântico amaldiçoado.

Aliás, da onde surgiu essa história que o campeão voltou? Tinha ido onde? Apequenou-se e sumiu? Foi desmoralizado? Posso achar mais duzentos e noventa e sete provocações para tirar da cabeça de vocês, de uma vez por todas, o quanto isso causa mal.

Por isso, lanço aqui a campanha: Exterminem o “Campeão Voltou” da boca de todo e qualquer torcedor que ousar, mesmo que em pensamento, cantar essa música novamente. Façam esse favor ao clube do coração de vocês.

Não é para usar de violência, diga-se de passagem. Mas explique ao desavisado torcedor o quanto isso causa azar. E se mesmo assim ele duvidar, deixe-o cantar e ver o time perder. Aposto que nunca mais vai querer fazer o mesmo.

 

Oi, eu sou um zumbi

6 out

Edward, o vampiro pisca-pisca, que me perdoe, mas os zumbis são muito mais legais. E cheio de fãs também, já que ganharam inúmeros filmes e seriados, e o melhor de tudo: ninguém nunca distorceu suas características, ou seja, eles sempre comem cérebros e vagam com aquele olhar perdido.

É, eu sou um zumbi. Mas calma que eu não como cérebros, até porque, se comesse, estaria magrinha… anda difícil arrumar um bom cérebro por ai – a Dilma bem que poderia criar o bolsa cérebro. E pode soltar essa espingarda ai, que não precisa atirar na minha cabeça; eu não represento perigo, eu acho.

zumbi

Mas deixa-me explicar. Sabe quando você não dorme direito, tem aquela péssima noite de sono? Pois é, a sensação que você tem não é estar parecendo um zumbi? Mas é claro, que no seu caso, no dia seguinte isso passa, é só dormir.

Agora imagine pra mim, que tenho a temível, abominável, a tenebrosa insônia – eu ia colocar mais adjetivos pra causar suspense, mas esqueci metade das palavras. Aí meu filho, minha filha; meu senhor e minha senhora, não há dia seguinte que resolva. É noite após noite em claro. No final da semana, o que temos é uma perfeita zumbi; ou seja, euzinha. Que anda, fala, raciocina (nem tanto) e não come cérebros, vamos deixar claro. E eu também não fico babando, nem saio de roupas rasgadas… tenho classe.

Ficar sem dormir é uma benção, só que ao contrário. Você acorda na quarta e jura que é sexta-feira; não é capaz de nem lembrar o que você fez no dia seguinte (espera, era dia seguinte ou semana passada?). O mais legal de tudo é que você sai falando isso por ai. É um sucesso, já que todo mundo que não te conhece vai pensar que você tem algum problema psicológico.

Causas-Insônia

Mas tudo bem. Esquecer o dia da semana todo mundo esquece, alguma vez…. um dia… Agora vai fazer isso quatro vezes na manhã e 10 vezes a tarde. Dá até vergonha. Fora que quando eu acordo achando que é sexta, mas na verdade é quarta, fica aquela depressão de que “o final de semana não é amanhã”.

E a parte de esquecer as palavras. Tenta escrever alguma coisa e não lembrar de coisas simples, como… como… aquela palavra lá, que a gente usa pra falar de quem não lembra… ah, lembrei, amnesia. Sem contar que fica tudo desconexo: ah, vocês que se virem pra achar sentido no texto.

Vou confessar: acredito que tudo isso seja fruto do meu cérebro; esse fanfarrão. Aliás, eu até queria ser um zumbi, assim não tinha cérebro. Será que zumbis dormem então? Bom, deixa pra lá. Esse malditinho resolve ficar elétrico justamente quando vou dormir.

insonia

É só deitar na cama que ele começa: “Fechou a porta? Olha de novo, vai lá”. Ai você desce e checa a porta. Pronto. Agora eu durmo. “E amanhã, o que tem pra fazer?” – Ah cérebro, não enche; “E você viu o problema daquele amigo, como você vai resolver” – Problema é dele, mentira, preciso pensar em algo… e agora?; “Que roupa você vai usar amanhã” – Amanhã eu penso.

“E aquele texto, você conferiu? Vai sair aquele erro na manchete” – AI MEU DEUS, O QUE EU FIZ. Ai você olha pro relógio e já são duas da manhã. – Cala-te cérebro. E não é que ele se cala?

Finalmente, vamos dormir. E do nada você assusta e desperta, achando que perdeu hora. Pois é, perdeu a hora da vergonha na cara, você dormiu por 5 minutos. E seu cérebro volta a tagarelar. E sabe quando ele vai parar? Meia hora antes de o seu despertador tocar; sacanagem. Então você entra num estado de sono profundo.

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Fica assim, noite após noite. Mês após mês. E depois de muito custo, você resolve dormir. Mas sabe o que dá mais raiva nisso tudo, não é parecer uma zumbi durante vários dias – o que pode ser um charme vai.

O que eu tenho mais raiva é desses cientistas, médicos e sei lá mais o que. Vire e mexe sai pesquisa falando que dormir bem é a chave pra emagrecer; que todos devem ter pelo menos 8 horas de sono. Ah cientistas, vão dormir vai… Além de zumbi agora terei que me contentar com meus quilos a mais, culpa da falta do bendito sono também.

Alguém ai tem um calmante, vou ali contar carneirinhos.

 

Esse texto foi originalmente feito para o Jornalistas.blog.br, mas o site foi deletado.

Um amor para chamar de meu

5 abr

mais amor, por favor

“Algumas pessoas nasceram para encarar a vida sozinhas. Isso não é bom nem mau, apenas a vida.”

 

Desde que me entendo por gente sempre desconfiei que as pessoas do mundo se dividem em dois grupos: os que têm alguém pra compartilhar a vida (95%) e aqueles que estão fadados a passar por tudo sozinhos.

Nunca achei que tinha uma explicação para isso: as coisas são assim e pronto. Não há nada de errado, apesar de todo mundo te fazer sentir como se você fosse um monstro saído de um filme B de Hollywood.

Com o passar do tempo fui vendo que tinha mais gente assim, como eu: tinham tudo para ter alguém do lado e, no entanto, estavam sozinhos. Não tinha motivo nenhum para estarem assim, só não encontravam alguém para chamar de “seu” ou de “sua”.

Acredito que o amor se divida em duas categorias: a dos amigos (que é aquele tipo de amor-irmão, de cumplicidade, anjo da guarda) e o amor paixão (aquele carnal, do tesão, de enlouquecer).

O dos amigos é mais fácil de achar – se bem que nada anda fácil ultimamente. É aquele tipo de amor que dói mais na traição, mas que o sofrimento dura menos tempo. Para quem está indo para o caminho de encarar a vida sozinha, é o reconforto que se tem. Pelo menos parece que ainda vai ter alguém pra segurar sua mão em momentos difíceis, ou para dividir as alegrias e pedir conselhos.

Mas nada se comparado ao outro tipo de amor; aquele que queima na pele e tira o fôlego; tão raro e que cobra um preço tão caro. É aquele que tudo mundo é doido para ter: um amor para chamar de seu.

onde está o amor

Confesso que nunca tive problemas com a solteirice, mas estar com alguém é mil vezes melhor. O problema é que muitas vezes você teima tanto que tem que ser uma pessoa – e ela não serve pra você, mas ainda não dá pra saber – que o universo diz “tá bom, fica com ela e chore as mágoas depois, não diga que não avisei”.

E assim se vai mais uma história, mas uma ferida entre tantas as outras que fica ali, acumulando. Isso também não tem nada de errado: é dos sofrimentos que a personalidade é feita; infelizmente são nos momentos ruins que amadurecemos, enquanto os bons, de nada nos servem, aparentemente.

Nesse mundo de individualidade, egoísmo e de gente que acha que pode ganhar sua confiança e no segundo seguinte sumir do mapa, esse tipo de amor está cada vez mais raro: ou você se sujeita a ser “capacho” de alguém para não enfrentar o rótulo de sozinho ou se conforma com o destino.

Mesmo nessa situação, não consigo bancar o capacho. Talvez seja exatamente esse o meu problema: acredito que relacionamento é uma via de mão dupla. Não existe a história de só ceder e não receber nada em troca.

Infelizmente, nem todos pensam assim. Enquanto a mim, entre um “amor” e outro, uma ferida a mais, vou vivendo, ciente de que, por mais murro em faca que eu dê, o final dessa história é quase improvável de mudar. “A vida nem sempre segue nosso querer, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser.”